Desmistificação do "cavaleiro andante"
Dança no silêncio do teu olhar
E tudo quanto intencionalmente observava a cada segundo gravava na memória para mais tarde realizar um filme, no qual participava sempre, chegando a confundi-lo com a própria realidade.Era uma jogadora nata...não se iludia para não se desiludir.Contraditória, eu?
"Na penumbra de um quarto de meretriz entre o vinho e o fado, Adelaide da Facada, quinté parece uma Severa, e o tocador, o Amâncio cantam a sua tristeza sonhando."
Um dos quadros com maior impacto de José Malhoa será, sem dúvida, O Fado, que retrata personagens lisboetas numa cena urbana, num ambiente de interior, donde o sol, figura emblemática da sua pintura, desta vez se ausentou.
O fadista, Malhoa encontrou - o na Tendinha do Rossio. Fora - lhe indicado por uma prostituta da Rua do Capelão, na Mouraria. Tocava guitarra e "manejava e navalhava como poucos". Era ciumento e brigão. Foi Amâncio, assim se chamava, que apresentou ao pintor o outro modelo, a Adelaide. Era conhecida como "Adelaide da Facada", devido a um golpe profundo na face esquerda. Tinha um gato "cego de um olho e mau", o Escamado, mas que não foi possível obrigar à pose. A Adelaide recusou entrar no atelier de Malhoa, "temendo ir assistir a alguma cena menos decente".
Contratados a 6 vinténs por semana, as faltas eram, no entanto, frequentes. Durante essa semana várias foram as exigências marialvas de Amâncio e as descidas de alça da camisa que Adelaide ostenta no quadro.
"O Amâncio roído de ciúmes, agredia a companheira, logo que o pintor voltava as costas. Vinha a polícia e lá iam os dois para o Governo Cívil a insultarem - se mutuamente, até que o mestre Malhoa, com a sua influência pessoal, conseguia libertar os turbulentos modelos".
"Evocação de vício e de paixão, de abandono e de ardor amoroso, de relaxamento e de cantares, o tema não prima, nem pela beleza, nem pela moral".
Naturalismo, corrente simples ou simplista?
“agora que embarcados rumamos ao sol nascente
na traineira que outrora sabíamos abandonada
talvez se aproxime de novo a luz que nos separou
porque amor não é apenas o outro lado do ódio
é também uma calha de afectos e reencontros
ainda que no cais onde ancorámos a solidão
tenha ficado para sempre o medo de sermos um
agora que embarcados rumamos ao sol nascente
naufraguemos de novo os corpos num mar de cetim
para que não mais a luz se dispa da sombra
para que não mais os dedos sangrem de espera”
Henrique Manuel Bento Fialho
"Tem só uma demora de passagem
Entre um comboio e outro, o entroncamento
Chamado o mundo, ou a vida ou o momento;
Mas, seja como fôr, segue a viagem."
Sá Carneiro
taken by Damadespadas@Palmela"Passa no sopro da aragem
Que um momento o levantou
Um vago anseio de viagem
Que o coração me toldou.
[...]
O tédio das horas incertas
Pesa no meu coração,
Paro ante as portas abertas
Sem escolha, nem decisão."
(Fernando Pessoa)
taken by Piranha@Seixal"Quê!Esta alma que sonha
O âmbito todo do mundo."
Fernando Pessoa
"Triste de quem vive em casa, contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a asa
Da lareira a abandonar."
(Fernando Pessoa)
"Estou sempre em viagem.
O mundo é a paisagem que me atinge
De passagem."
Helena Kolody
Let's swim to the moon,
let's climb through the tide.
Surrender to the waking world,
that laps against our side.
Nothing left open and no time to decide.
We'll stop into a river on our moonlight drive.
Let's swim to the moon.
Let's climb through the tide.
You'll reach your hand to hold me,
but I can't be your guide.
It's easy to love you as I watch you glide.
We're falling through wet forests on our moonlight drive.
Moonlight drive.
gonna take a little ride.
Come on.
Down by the ocean side.
Get real close, get real tight."
The Doors - Moonlight Drive
P.S. - All photos taken by Damadespadas
Photo taken by Damadespadas@Palmela
"...Y por fin he encontrado el camino
que ha de guiar mis pasos
y esta noche me espera el amor
en tus labios
De cada mirada, por Dios,
ardía el recuerdo en mi interior
pero ya he desechado por siempre
la fruta podrida
En la prisión del deseo estoy
y aunque deba cavar en la tierra
la tumba que sé que me espera
jamás me vio nadie llorar así
Que termine un momento precioso
y le suceda la vulgaridad
y nadar mar adentro
y no poder salir
En la prisión del deseo estoy
junto a ti...
Y por fin he encontrado el camino
que ha de guiar mis pasos
y esta noche me espera el amor
en tus labios
De cada mirada, por Dios,
ardía el recuerdo en mi interior
y nadar mar adentro
y no poder salir
En la prisión del deseo estoy
en la prisión del deseo estoy
junto a ti."
Heroes del Silencio - Mar Adentro in El Mar no Cesa
Saiu pela noite,
Pelas ruas do Porto,
Procurando os seus olhos
Num copo já morto.
Perdeu-se na vida
Encontrou-a na Foz,
Entre o Molhe e a Avenida
Há tanta gente a sós.
E eu e tu somos iguais.
Esconderam palavras
Por trás das palavras,
Disseram amor
Sem se perceberem.
Dançaram na estrada,
No asfalto dos loucos,
Entre o céu e o nada
Foram morrendo aos poucos.
E eu e tu somos iguais.
E pediram-se um beijo,
Uma mão que os agarre,
Parados no tempo,
Para que o tempo não pare.
E eu e tu somos iguais.
E quando perceberam
Que a noite era só deles,
Mataram desejos
E rolaram beijos
Colados ao corpo,
Perdidos no chão.
Então os dois foram um,
E o tempo nenhum
Para o que tinham para se dar,
Põe o teu corpo no meu,
Deixa a noite acabar.
Então de um fez-se dois,
E o tempo depois
Foi tão pouco para viver,
Põe o teu corpo no meu
Sente o meu a amanhecer.
Hei, hei, hei, X 4
Eu e tu somos iguais...
Enrolou um cigarro
Que fumaram a dois,
Revivendo o prazer
Que viria depois.
Beberam olhares,
Lugares de veneno,
Nas paredes do quarto
O mundo é tão pequeno.
E eu e tu somos iguais.
Partiram no carro
A voar na cidade,
Encantados nas luzes,
Despistando a vontade.
Deram-se as mãos,
E os corpos também,
A 200 à hora
Não os vai vencer ninguém.
E eu e tu somos iguais.
E pararam o mundo
Numa rua qualquer,
Num abraço sereno
Sem ninguém perceber...
E eu e tu somos iguais.
E quando perceberam
Que a noite era só deles,
Mataram desejos
E rolaram beijos
Colados ao corpo,
Perdidos no chão.