"Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota
Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo
Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar."
Jorge Palma - A Gente Vai Continuar
Lisboa
Hoje não sei quem és. Não quero saber.
Perdi - me nas palavras bruscas de um momento.
Fugi de mim para não pensar nisso.
Por instantes acreditei ter-me enganado na morada,
mas não, não podia ser...eras mesmo tu que estavas ali.
Reconheci-te pelo modo como cortaste o ar em gestos perfeitos.
O olhar...esse não era o teu. Encontrei-o frio, distante...tão longe do ontem.
Senti-me só.
Hoje não sei quem és. Nem quero saber (como já te disse).
Mas, deixa lá...não penses mais nisso.
A vida tem meses assim...estranhos.
Silêncio.
Ausência.