quinta-feira, março 30, 2006

A Primavera

"Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim."
Alberto Caeiro - Quando vier a Primavera
A Primavera
Sandro Botticelli
cerca de 1482
  • Este quadro representa a chegada da Primavera e foi encomendado por Lorenzo di Pierfrancesco de Médicis, por ocasião do seu casamento.
  • No meio de um bosque de laranjeiras surge sobre um prado, Vénus, a Deusa do Amor. Uma auréola criada pelos ramos das laranjeiras, que se fecham em semicírculo, destaca a personagem principal. Eros (em cima), filho de Vénus, atira as suas flechas de amor com olhos vendados, procurando atingir alguém.
  • Há uma harmonia entre a Natureza e o Homem (coisa que não acontece hoje em dia), pelo movimento sereno que as personagens demonstram. Estas estão erectas tal como as árvores, o que transmite uma linearidade única ao quadro. Já as heras, à direita, seguem os gestos das ninfas que fogem.
  • No extremo direito do quadro vemos Zéfiro, o deus do Vento. Aqui, surge - nos em tons azulados e as suas intenções não parecem ser completamente pacíficas pelo modo como entra em cena. Repare - se na sua expressão facial e no pormenor das árvores curvadas que cedem à sua força. Ele persegue uma ninfa trajada com véus transparentes que o olha com horror. Da sua boca caem flores que se misturam com as que decoram fartamente o vestido da mulher que segue a seu lado. Esta última, coloca a mão num bolso formado por uma prega arregaçada para daí tirar umas pétalas de rosa, que vai espalhando no jardim.
  • Pensa - se que a Zéfiro se terá apaixonado pela ninfa que agarra violentemente. Ele não a queria deixar fugir, portanto perseguiu - a e tomou - a à força para sua mulher, mas acabou por se arrepender do seu acto e concedeu - lhe o privilégio de se tornar deusa das Flores e Rainha da Primavera (personagem que se encontra à frente da ninfa: a sua metamorfose). É de reparar no ventre desta personagem: será que transporta o fruto do amor de Zéfiro dentro de si ou será que foi desenhada à medida do ideal de beleza das mulheres da época?
  • No lado esquerdo da tela, vemos as Três Graças, companheiras de Vénus, dançando numa roda cheia de encanto. No extremo do mesmo lado, encontra - se Mercúrio, o mensageiro dos deuses. Reconhecêmo - lo pelas suas sandálias aladas, assim como pelo seu caduceu (vara rodeada por duas serpentes) que possui na mão direita.
  • A mitologia antiga conta que Mercúrio separou com uma vara duas sepentes que lutavam. A partir desse dia, o seu caduceu passou a ser um símbolo de Paz. Desta vez, a sua vara afasta algumas nuvens carregadas que ameaçam entrar no jardim de Vénus. Torna - se assim, o protector de um jardim, onde deverá sempre reinar a paz eterna. Esta figura é, sem dúvida, um exemplo de coragem e, esse facto é também ilustrado através do sabre que transporta à cintura.

8 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Manda o Alberto às urtigas!
A minha realidade precisa de ti.

3/30/2006 7:02 da tarde  
Blogger Héctor Ojeda said...

Hola. Viva la primavera, aquí ya estoy en otoño. Saludos.

3/30/2006 7:23 da tarde  
Blogger Nekynho said...

Adoro Boticceli. É simplesmente divinal.
Quando for grande, também quero pintar como ele. Mas morrer mais velho, claro lol
Baci :o)

4/01/2006 10:11 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Fui tua fantasia, enquanto você está envolto nos meus sentimentos mais puros.
Amaste-me com palavras e com tua imaginação, enquanto te amo com verdades e com toda minha paixão.
Hoje de nós dois, apenas o que resta sou eu.
Sou o pranto que todas as noites acorda as estrelas e abala o silêncio dos céus.
Não serei recordação, mas serei o vento que canta livre te trazendo uma saudade quase finda.
Nunca me olharás realmente, mas me acharás no contorno dourado das nuvens que sobre ti andam, no sol que de ti se despede. Me acharás no reluzir da estrela solitária que te observa, na luz circunda da lua que te assiste, no diálogo com Deus.
Serei a metamorfose da tua alma em ave, pousando no solo da tua verdade.
Serei a liberdade lapidada em teu espírito.

4/01/2006 9:06 da tarde  
Blogger Antonio stein said...

Quando vier o Verão se Eu estiver vivinho, as flores despidas das persistentes pétalas,eu quero olhar e cheirar,e seus frutos acariciar!

olha que lindo...umas coisas que até rimam!!!
-ora deixa ver:
eu quero olhar e cheirar,
seus frutos acariciar!
-que giro, virei poeta.

xau perfume primaveril

4/03/2006 10:52 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Delirante, este último poste.
Vermelho, alto e duro
- como convém a um poste
que tem que se afirmar
em terra de ninguém.

Eu,
sinto a luz queimar-me o peito
clandestino.

Tu farás exectamente o que quiseres.

Glória!

4/07/2006 1:41 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Olá,
Passei para lhe desejar uma Páscoa muito feliz, junto daqueles que mais estima.
Um abraço amigo,
Daniela

4/13/2006 10:42 da tarde  
Blogger mixtu said...

Primavera... esperei por ela...
jinhos

4/15/2006 5:31 da tarde  

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