sexta-feira, novembro 25, 2005

O Fado

1910, óleo sobre tela. 150x183 cm. Museu da Cidade, Lisboa

"Na penumbra de um quarto de meretriz entre o vinho e o fado, Adelaide da Facada, quinté parece uma Severa, e o tocador, o Amâncio cantam a sua tristeza sonhando."

Um dos quadros com maior impacto de José Malhoa será, sem dúvida, O Fado, que retrata personagens lisboetas numa cena urbana, num ambiente de interior, donde o sol, figura emblemática da sua pintura, desta vez se ausentou.

O fadista, Malhoa encontrou - o na Tendinha do Rossio. Fora - lhe indicado por uma prostituta da Rua do Capelão, na Mouraria. Tocava guitarra e "manejava e navalhava como poucos". Era ciumento e brigão. Foi Amâncio, assim se chamava, que apresentou ao pintor o outro modelo, a Adelaide. Era conhecida como "Adelaide da Facada", devido a um golpe profundo na face esquerda. Tinha um gato "cego de um olho e mau", o Escamado, mas que não foi possível obrigar à pose. A Adelaide recusou entrar no atelier de Malhoa, "temendo ir assistir a alguma cena menos decente".

Contratados a 6 vinténs por semana, as faltas eram, no entanto, frequentes. Durante essa semana várias foram as exigências marialvas de Amâncio e as descidas de alça da camisa que Adelaide ostenta no quadro.

"O Amâncio roído de ciúmes, agredia a companheira, logo que o pintor voltava as costas. Vinha a polícia e lá iam os dois para o Governo Cívil a insultarem - se mutuamente, até que o mestre Malhoa, com a sua influência pessoal, conseguia libertar os turbulentos modelos".

"Evocação de vício e de paixão, de abandono e de ardor amoroso, de relaxamento e de cantares, o tema não prima, nem pela beleza, nem pela moral".

Naturalismo, corrente simples ou simplista?

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

dificil de catalogar...lá isso é...bjs Numenesse

11/25/2005 11:53 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

...Isto fez-me lembrar aquela rábula do "óh agostinho...que rico vinho" rtofll

tá demais


SOmbra

11/25/2005 2:29 da tarde  

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