terça-feira, outubro 18, 2005

"Visões e memórias de um condenado"

Há duas semanas uma pessoa especial deixou-me, partiu para o lado de lá. Cheguei tarde ao seu funeral, não porque quis, mas porque ninguém me disse o que realmente tinha sucedido. Fiquei triste...não me pude despedir da sua última imagem, para mais tarde recordar quando a saudade teimar em apertar. Existem aqueles que o recordarão como um psicótico, um bêbado, um chato, um palhaço, um perdido e até mesmo como um doido. Eu preferirei lembrar-me dele como um poeta, um incompreendido pela sociedade...um profeta anárquico. Deixaram-me as noites de acesas discussões sobre Nietszche. Sim, porque não existia quem superasse o Gibão a dissertar esse "filósofo do caos". Mas, agora tudo isso acabou...o poeta revolucionário afogou - se numa mistura explosiva entre copos e comprimidos anti-depressivos. Finalmente, estás livre! Não era o que tu querias?

taken by Damadespadas

"Como um anjo
Que cai falando
Palavras doces
Bêbedo
Excessivo
Sem limites
Amor gentil
Com a presença da alma
O fim é um nada
Repleto de traseiros
E sensações
Mensagem
Grita liberdade
Uma vida
Vidas perdidas
Sempre reencontradas
Sabem o que se passa
Bem viver
Saber morrer
A amizade
É dos maiores valores existentes
Amor e ódio, entrementes
Passagem para o desconhecido
Escuro
Escondido
Lado ferido
Lado primitivo da vida
Violência ignorante
Selvagem ânsia
Receio do que vem
A morte chega lentamente
Com prazer
Um bilhete de viagem
Para todo o lado
Ó anjo bêbedo
Que caiste do céu
Mensageiro
Do Espírito Universal
Diz – me o que é morrer, afinal..."

Gibão in Visões e memórias de um condenado