sexta-feira, abril 21, 2006

Utopia


Estou cansada de estar cansada do que não entendo (ou não quero entender). Talvez por não compreender insista sem razão naquilo que nunca vivi ou possui.
"Nada é perfeito" - disseram-me um dia, mas eu não quis acreditar.
Sou incrédula por natureza e sempre preferi vivenciar as coisas, em vez de, seguir a palavra dos outros.
Não é uma questão de falta de confiança nas outras pessoas, apenas gosto de me testar até ao limite. Sou ávida de conhecimento. Curiosa...talvez (até demais). Realmente, olhando para trás já vivi tantas situações...algumas incríveis...até inacreditáveis, mas todas elas me ensinaram algo de novo e é aí mesmo que reside o âmago da questão. Será que só a novidade de preenche? Se isto fôr verdade viverei insatisfeita para sempre (seja lá até quando isso fôr!). Contudo, sempre posso virar a página e tentar viver de acordo com os cânones impostos pela super - organizada civilização (não contando com o exemplo do micro-cosmos português, como é óbvio) em geral. Talvez seja considerada uma pessoa normal, com uma inteligência razoável, até (quem sabe?) com perfil de líder, mas que nunca chegará a esse lugar hierárquico (apenas e só), porque não sou filha do patrão ou não possuo a madrinha e o padrinho (sim, porque hoje em dia também é preciso) A, B, ou C. Terei um cargo satisfatório, no qual ganharei uns tantos euros por mês (sempre acima dos 1250, pois isto não está para brincadeiras). Não terei tempo para usufruir do que realmente interessa (aquilo que a malta se lembra depois de irmos desta para melhor), mas sempre me posso contentar com o conforto de uma cama, de um sofá, das novas tecnologias, de um Hi-Fi topo de gama, de um granda carrão (alemão de preferência - eu até percebo disto), etc, etc, etc e tal. A lista seria infindável, mas como hoje não estou com paciência para divagações (estéreis ainda por cima), fiquemo - nos por aqui. Bastaria tomar a tal "soma" que Huxley fala num dos seus livros, mais exactamente O Admirável Mundo Novo, e seria "artificialmente feliz". Pois é, por vezes lamento ser como sou...uma gaja porreira, sem muitos bens e responsabilidades (é verdade, condenem - me se quiserem), idealista e utópica ao máximo. No entanto, neste momento, não sei, nem quero viver de outro modo. A questão que se impõe é: Fujo daqui ou deixo que me explorem?
Sempre posso seguir o segundo caminho e, mais tarde usufruir dessa escolha, mas aí não estaria a ser tão ou mais exploradora (e hipócrita, convém referir) do que "Eles"?
Pois é, isto não seria assim tão complicado se o Homem em vez de olhar para o seu umbigo, conseguisse uma vez na vida pensar no Próximo, o respeitasse e talvez, quem sabe, o conseguisse amar como a si próprio (já dizia Deus e eu nem sou religiosa). A treta é que assim o mundo não evoluiria (dizem "Eles"). Eu cá digo e sublinho: esta evolução não é necessária, nem sequer indispensável...fico apenas triste de ser inevitável. Basta abrir mão do que o Mundo e as suas gentes têm de melhor para nos oferecer...
Basta fingir um sorriso
Basta pisar o outro para subir de posto
Basta ser corrupto
Basta "ter olho" em terra de cegos
Basta não ter coração
BASTA!
P.S. 1- Depois existem sempre as contas para pagar.
P.S.2 - Felizmente existe também a Utopia para viver: www.boomfestival.org. Apareçam, serão benvindos!

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ah pois muito bem!
Para mim, embrulha-me aí 250 gramas de BASTAS. Sem chicote, por favor!
Hehe...
Espero encontrar-te antes e depois de Beja, porque não me dá lá muito jeito ir ao Alentejo nesta altura! Está muito calor!... ;-)
Beijo.

4/21/2006 9:56 da manhã  
Blogger Nekynho said...

Mais vale uma boa utopia do que uma má realidade lol

4/21/2006 10:18 da manhã  
Blogger nusaminusa said...

Somos como somos! E mais vale ser assim do que a imagem que de um alguém que não pertence à nossa realidade. Infelizmente vemos isso todos os dias na expressão de muitos e a tentação de ser o que não somos bate sempre à porta por uma questão de sociedade. Eu não me deixei de utopias e sonhos, neles vivemos de outras maneiras mas voltamos sempre à realidade.

Com o decorrer dos acontecimentos acabei por perceber que talvez não consiga ir ao boomfest deste ano, mas sempre nos podemos encontrar em Beja neste sábado..
Um beijinho de regresso *

4/27/2006 6:34 da tarde  

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