sexta-feira, agosto 12, 2005

O Beijo

Óleo sobre têmpera. 180 X 180 cm. Galeria Austríaca de Viena. 1908
De todas as pinturas que Gustav Klimt (1862-1918) produziu no seu "período dourado", O Beijo constituía a tentativa melhor sucedida de combinar sensualidade e simbolismo. Este período caracteriza - se pela utilização de pedaços de ouro folhado ou papel cintilante que pretendem acentuar a nobreza das figuras retratadas.
Klimt cobriu a superfície inteira, desdes os trajos até ao chão florido que o casal pisa, de ornamentação. Mais uma vez, ele estava a salientar o encanto que sentia pelos mosaicos de Ravena.
Esta pintura, altamente erótica, transmite alguma da ambiguidade que o simbolismo sentia em relação à arte do Extremo Oriente, na qual o erotismo era muitas vezes representado como um ritual sagrado. As figuras estão envolvidas numa espécie de crisálida que reveste as emoções carnais duma teia de tinta brilhante. Klimt traça o seu próprio ideal de beleza em figuras ricamente paramentadas, que se desenvolvem na verticalidade ascensional da linha, colocadas diante de um fundo frio, abstracto, alheio à humanidade das figuras.
Os amantes, ajoelhados numa cama de flores e ambos coroados de grinaldas, situam-se numa espécie de infinidade cósmica. Ambos estão de perfil. O homem agarra a mulher nos braços. A sua cara está escondida para que a acção não se torne tão clara. A luz cai sobre a cara da mulher. A sua cabeça ligeiramente inclinada para trás e os olhos fechados oferecem a sua boca ao beijo. Aqui, tal como na maioria dos quadros de Klimt, a mulher exprime bastante felicidade. A sua pose descontraída transmite uma sensação de liberdade. O homem é forte, activo e domina a parceira (caso raro hoje em dia lol), enquanto esta mostra devoção (outra espécie em vias de extinção).
O prado florido presente no quadro parece terminar abruptamente à direita, talvez sugerindo que as figuras se situem à beira de um precipício. Só a linguagem ornamental designa os corpos como sendo masculino e feminino. As espirais do vestido da mulher sugerem genitais femininos e, combinadas com as formas verticais das vestes do homem, representam a união sexual do par. A volutas fechadas em caracol representam a repetição cíclica da vida. O xadrez frio e rectangular ressalta os valores racionais do homem, enquanto que os cálices de flores redondos aludem à emotividade feminina.
"Eu nunca pintei um auto-retrato. Não estou interessado em mim como objecto de
pintura, mas nas outras pessoas, especialmente mulheres." Gustav Klimt

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

...As coisas que eu aprendo!lol..O meu Prof de História de Arte não dissertava tanto sobre uma obra
;)

8/12/2005 6:05 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Adoro Klimt..boa escolha na imagem!


Rose

8/17/2005 1:14 da manhã  

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